24 de junho de 2017

Tyler Durden



Não leia esse texto a menos que tenha jogado Far Cry 2 até o final e tenha assistido Clube da Luta.

Contém spoilers.

Logo no começo de Far Cry 2, o jogo te dá a opção de escolher seu personagem, um de uma lista de mercenários de diferentes países, com diferentes origens e conhecimentos. Mas nada disso importa quando o jogo acontece. Seu passado nunca mais é mencionado, exceto você ninguém conhece sua missão: matar o Jackal.

Mas em todos os momentos em que os caminhos do protagonista e do misterioso Jackal se cruzam, não há ninguém mais por perto. Ninguém mais vê o Jackal além de você, o Jackal sempre sabe onde te encontrar, ele nunca te mata, mesmo sabendo de sua missão. No final do jogo, quando o protagonista assume a iniciativa de ir encontrar o Jackal na prisão, porque está acontecendo um tumulto no local, você está retornando para um local do qual praticamente acabou de sair. E os corpos no chão, foi você que deixou quando lá estava.

Dizem que o Jackal mantém a guerra acontecendo, abastecendo de armas os dois lados do conflito. É exatamente o que você faz quando entrega uma barcaça lotada de armas no porto de uma cidade onde a trégua havia sido conquistada. É praticamente o que você faz o tempo todo, alimentando um ódio ancestral e cumprindo missões para as duas facções.

O Jackal é uma figura mística, envolto em lendas. Ao final do jogo, sua reputação é mítica, envolta em lendas.

Não existe Tyler Durden. Não existe Jackal, é a conclusão clara que me atinge. Ambos encontram o mesmo destino no final do jogo.

Consumido por delírios provocados pela malária (ou pelo tumor no cérebro que dizem que o Jackal possui), quem pode dizer com certeza o que é real ou alucinação? Há fitas que contam as motivações do Jackal, mas seriam elas encontradas ou gravadas? O jornalista reconhece em você um homem confuso ou a verdadeira face e voz do monstro que assola a região?

Como tudo em Far Cry 2, novamente a Ubisoft falha em deixar claro se tudo foi planejado ou se loucos somos nós, jogadores, ao tentar enxergar ali algo além do que o jogo é.

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